As despesas totais do governo federal brasileiro apresentaram um avanço significativo em 2023, atingindo a cifra de R$ 2,162 trilhões, um aumento de 12,45% em termos reais em comparação ao ano anterior, que registrou R$ 1,923 trilhão, já ajustados pela inflação. Este crescimento elevou as despesas do governo ao segundo maior nível desde o início da série histórica do Tesouro Nacional, em 1997, ficando atrás apenas do ano de 2020, quando houve uma expansão considerável de gastos extraordinários devido à pandemia da Covid-19.
O incremento nas despesas governamentais contribuiu para a deterioração das contas públicas, com o registro de um déficit primário de R$ 230,5 bilhões em 2023. Este resultado, que exclui o pagamento de juros da dívida pública, é o segundo pior já registrado, superando a "meta informal" prevista pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estimava um déficit inferior a R$ 100 bilhões no início do ano passado.
Haddad destacou que um fator significativo para o aumento dos gastos foi o pagamento de precatórios atrasados pela gestão anterior, totalizando R$ 92,4 bilhões. Ele enfatizou que quase metade do déficit de 2023 está relacionado a essas obrigações, que poderiam ter sido postergadas para 2027, mas que o governo atual decidiu honrar imediatamente, considerando a postergação uma injustiça.
Mesmo excluindo as despesas com precatórios do cálculo, os gastos ainda teriam superado a marca de R$ 2 trilhões, chegando a R$ 2,07 trilhões. O aumento real, desconsiderando os precatórios, seria de 7,6% em relação ao ano anterior, o que ainda representa um crescimento acima da média histórica de 5,21%, considerando os 26 anos de registros do Tesouro Nacional.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), as despesas totais do governo representaram 19,6% em 2023, o maior percentual desde 2020 e, descontando o período da pandemia, desde 2016, quando atingiram 19,9% do PIB. Sem o pagamento dos precatórios, as despesas primárias teriam representado 18,8% do PIB, segundo informações do Ministério da Fazenda.
Este cenário reflete os desafios enfrentados pelo governo federal na gestão das contas públicas, em um contexto de decisões complexas sobre prioridades de gastos e o equilíbrio fiscal, fundamentais para a sustentabilidade econômica do país.
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