Ex-secretário de Saúde de Cuiabá é preso por suspeita de esquema na secretaria durante a pandemia

Na casa dele, a polícia também apreendeu R$ 30.962 mil em dinheiro. Célio Rodrigues já havia sido preso pela Polícia Federal, em outubro de 2021, por suspeita corrupção e lava

Ex-secretário de Saúde de Cuiabá é preso por suspeita de esquema na secretaria durante a pandemia

O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues, foi preso pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (9), durante a Operação Hypnos, que investiga um suposto esquema na Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP), em 2021. Na casa dele, a polícia também apreendeu R$ 30.962 mil em dinheiro.

Em nota, a Prefeitura de Cuiabá disse que a Empresa Cuiabana de Saúde Pública, que administra os hospitais São Benedito e Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), não foi alvo da operação e que as medidas cautelares aplicadas atingem o apenas o âmbito residencial de dois servidores que atuam no HMC.

Na operação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão domiciliar, dois afastamentos cautelares de exercício da função pública, um mandado de prisão preventiva, além do sequestro de R$ 1 milhão, que recaiu sobre o patrimônio de duas pessoas e da empresa, investigados por suspeita de participação no esquema.

Célio já havia sido preso pela Polícia Federal, em outubro de 2021, na segunda fase da Operação Curare, por suspeita corrupção e lavagem de dinheiro com desvios de recursos da Saúde. Na primeira fase, ele foi exonerado do cargo.

Indício de desvio

 

De acordo com a Polícia Civil, relatórios de auditoria da Controladoria-Geral do Estado apontaram indícios de desvios de recursos públicos na ECSP e, a partir disso, foram constatadas diversas irregularidades em alguns pagamentos, na ordem de R$ 1 milhão.

Segundo a investigação da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), esse dinheiro pode ter sido desviado dos cofres da saúde pública do município de Cuiabá e teria sido direcionado de forma indevida em plena pandemia de Covid-19.

As apurações apontam que, em tese, foram autorizados pagamentos sem as devidas formalidades para uma empresa que, segundo levantamentos realizados, seria composta por pessoas que não teriam condições de administrá-la, bem como não possuiria sede física no local informado em seu registro formal. Essas evidências podem demonstrar tratar-se de uma empresa fantasma, cujos sócios administradores seriam laranjas.

Ainda, os indícios sugerem que esses pagamentos se referem à aquisição de medicamentos que não possuem, a princípio, comprovação de ingresso na farmácia da Empresa Cuiabana de Saúde Pública. Isso levanta suspeitas de que esses medicamentos, de fato, nunca teriam chegado a dar entrada no estoque da ECSP.

Operação Curare — Foto: PF
 
 
 

Operação Curare — Foto: PF

Investigação na Saúde

 

Conforme as investigações feitas durante a Operação Curare, um grupo empresarial, que fornecia serviços à Secretaria Municipal de Saúde e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões, esteve à frente dos serviços públicos com o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde.

Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.

O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então secretário e o proprietário do grupo empresarial investigado.

À época, Emanuel Pinheiro (MDB) também foi afastado da função por ordem da Justiça e o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Monreal Neto, foi preso temporariamente, também por fraudes na Saúde.

 
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