Pais recebem cartinhas 'escritas' pelos filhos internados em UTI Neonatal de hospital de MT

Projeto foi criado pela enfermeira Ellida Sena, em parceria com outros profissionais de saúde da Santa Casa de Rondonópolis (MT).

Pais recebem cartinhas 'escritas' pelos filhos internados em UTI Neonatal de hospital de MT

A internação hospitalar de bebês recém-nascidos, é um momento muito difícil para os pais, que acabam tendo um contato restrito com o filho em seus primeiros dias de vida. Pensando em acalmar o coração dos pais, a enfermeira, Ellida Sena de Moraes, junto com outros profissionais da saúde, criaram o projeto, “Boletim do Amor”.

A iniciativa envia cartas aos pais de bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Santa Casa de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, como se os próprios filhos tivessem escrito.

A proposta do boletim é passar familiaridade e consolo para os pais dos bebês, por isso, ele é escrito em primeira pessoa, como se fosse o bebê relatando como está o processo de recuperação dele, além de conter uma assinatura com o carimbo do pé do bebê.

A ação foi desenvolvida durante a pandemia da Covid-19, quando as visitas na UTI neonatal da Santa Casa, tiveram que ser limitadas.

“O acesso dos pais hoje é liberado, mas na pandemia eles só podiam entrar uma vez ao dia, para receberem o boletim médico. Nesse momento, eu vi a importância de fazer alguma coisa para deixar esses pais mais tranquilos e para humanizar o atendimento, tanto nosso, entre profissionais de saúde, quanto para acalmar esses pais”, disse Ellida.

 

Cartas

 

Tamires Mesquita da Silva está com as filhas internadas na UTI neonatal há dois meses. — Foto: Reprodução

Tamires Mesquita da Silva está com as filhas internadas na UTI neonatal há dois meses. — Foto: Reprodução

Há dois meses, o hospital tem sido a casa da Tamires Mesquita da Silva. As filhas Maria Vitória e Maria Clara, nasceram com seis meses de vida e precisaram ficar internadas por conta do nascimento precoce.

Os profissionais da saúde tentam amenizar o sofrimento e consolar a mãe, através das cartas, enquanto aguarda a alta das gêmeas. E é como se cada palavra tivesse sido dita pelas meninas, para acalmar o coração da Tamires.

“Às vezes eu não consigo evitar, acabo chorando mais do que elas. A ação é muito gratificante e nós só temos a agradecer”, contou.

O gesto simples, fez toda a diferença na vida da Jéssica Melo, que passou por uma perda gestacional há dois anos, e, agora, aguarda a alta da pequena Iris que nasceu prematura com 35 semanas.

“Eu recebi a minha primeira cartinha há dois anos de um filho que eu tive e faleceu aqui, e agora estou recebendo outra, só que dessa vez é para acalentar o coração. A iniciativa é muito boa, ajuda muito a gente, que sofre com toda essa preocupação. Graças a Deus nós temos esses profissionais para nos ajudar”, explicou.

A Ellida perdeu as contas de quantas cartas foram escritas nesses três anos de projeto, mas sabe que cada uma foi importante para o processo de espera.

“Primeiro eu fico emocionada quando eu estou escrevendo as cartas, quando eu entrego, cada pai tem uma reação diferente, alguns choram e outros já nem conseguem ler. Tudo é feito com cuidado, por isso colocar o carimbo do pezinho é essencial, já que é como se fosse o próprio bebê assinando cada carta”, concluiu

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