A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira (30) um mandato de busca e apreensão contra um homem suspeito de participar dos bloqueios nas rodovias federais de Mato Grosso, na Operação Free, realizada em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá. Um celular, um HD externo e um pend drive foram apreendidos.
Mato Grosso foi um dos principais focos de bloqueios antidemocráticos. Desde o dia 30 de outubro, o estado vem registrando intervenção de grupos contra o resultado das urnas em rodovias. Mesmo após a redução dos pontos de bloqueio pelo país, a mobilização se manteve e motivou a intervenção da Justiça.
Segundo a PF, o objetivo da operação foi identificar os participantes dos bloqueios. Deram apoio à ação, a Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar.
Atos
Em Lucas do Rio Verde, manifestantes atearam fogo em pneus e bloquearam as pistas. — Foto: PRF
Durante as manifestações, os Ministérios Públicos Federal e Estadual recomendaram o governo a acionar a Polícia Militar e a Força Nacional de Segurança Pública contra os bloqueios. Dois dias após a recomendação, o estado informou que não acionou a Força Nacional, mas que mobilizou a segurança estadual em conjunto na ação.
Segundo a PRF, não há mais bloqueios nas estradas de Mato Grosso atualmente.
Desbloqueio em um dos pontos em Lucas do Rio Verde (MT) — Foto: Reprodução
Ao longo dos dias de manifestações, a violência aumentou, segundo a PRF, e crimes foram cometidos no Estado. Em Sinop, a 503 km de Cuiabá, por exemplo, dois homens – um deles com passagem por homicídio – foram presos, após tentar incendiar caminhões. Eles estavam com uma arma e garrafas com gasolina.
Imagens mostram grupo atacando base de concessionária em Mato Grosso
A polícia também encontrou ligações entre os manifestantes e o atentado cometido contra um posto de atendimento da Concessionária Rota do Oeste, em Nova Mutum, a 269 km da capital, onde criminosos atearam fogo em uma ambulância e em um guincho, atiraram em outros veículos e renderam funcionários.
Imagens das câmeras de segurança da concessionária, que administra alguns trechos da BR-163, mostram o momento em que a base foi depredada. No local, um grupo jogou gasolina dentro do prédio, ateou fogo em uma ambulância e quebrou o rádio e um guincho da unidade. Outro veículo também foi alvejado por tiros.
Caminhões de ato em Brasília partiram de MT
Veículos foram estacionados em área próxima ao QG do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), no Eixo Monumental. — Foto: Polícia Civil/Reprodução
O estado não só foi um dos maiores alvos de bloqueio, como tem sido citado em atuações fora de suas fronteiras. Relatórios da Polícia Civil do Distrito Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontam que dos 116 caminhões que participaram de atos antidemocráticos em Brasília, principalmente nas proximidades do Quartel General do Exército Brasileiro, 50 veículos eram de Mato Grosso.
Doze veículos, conforme o documento, estão registrados no CNPJ das empresas Agritex Comercial Agrícola Ltda e Vape Transportes Ltda. Ambas pertencem a Gerson Luis Garbuio e estão localizadas em Água Boa, a 736 km de Cuiabá.
Elas também figuram entre as 43 empresas – 34 só de Mato Grosso – que tiveram as contas bloqueadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por suspeita de financiar e organizar as manifestações em Brasília e no estado.
Das 28 empresas mato-grossenses listadas pela Polícia Civil, 14 tiveram o bloqueio financeiro determinado. Entre elas, cinco fizeram doações à campanhada para reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), como Garbuio e Atílio Elias Rovaris, responsável pelo repasse de R$ 500 mil.
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