Em uma reveladora entrevista ao Huffington Post em 2020, Greg Daniels, showrunner da aclamada série de comédia "The Office" (2005-2013), compartilhou uma ideia dos roteiristas que poderia ter levado o programa a uma direção chocantemente sombria. A série, conhecida por suas hilárias e por vezes constrangedoras situações no escritório da Dunder Mifflin em Scranton, Pensilvânia, por pouco não viu seu adorado, porém frequentemente inapropriado, gerente Michael Scott, interpretado por Steve Carell, se tornar um assassino impiedoso.
O momento crítico estava planejado para a estreia da 4ª temporada, num episódio memorável onde Michael acidentalmente atropela Meredith (Kate Flannery) no estacionamento da empresa, enviando-a ao hospital em uma sequência já bastante dramática para os padrões da série. Contudo, a visão original era levar esse incidente a um extremo ainda mais macabro. "A certa altura, os roteiristas queriam contar a história de que Michael atropelou Meredith no estacionamento e, num gesto de horror inimaginável para o programa, voltaria para passar por cima dela novamente, assegurando sua morte", Daniels relembrou, chocado.
Felizmente, Daniels interveio, evitando que "The Office" adentrasse esse território sombrio. "Eu tive que acabar com isso. Essa foi a única coisa que me veio à mente", afirmou, ressaltando a importância de manter a essência dos personagens intacta. Segundo ele, apesar das numerosas gafes e comportamentos questionáveis de Michael Scott ao longo da série, transformá-lo em um vilão assassino seria um passo além da linha vermelha, contradizendo o núcleo essencialmente bom e ingênuo do personagem.
Daniels enfatizou que, apesar das excentricidades de Michael e as situações desconfortáveis que frequentemente cria, ele não é uma pessoa genuinamente má. "Michael fazendo algo que é verdadeiramente mau não é algo que veríamos no programa", justificou, preservando a integridade de "The Office" como uma comédia centrada nas peculiaridades do dia a dia de escritório, mantendo suas situações absurdas firmemente ancoradas em um realismo relativo.
Esta revelação de Daniels oferece um fascinante vislumbre do que poderia ter sido, lembrando os fãs da série de que, mesmo nas comédias mais queridas, linhas dramáticas ousadas podem ser consideradas – e, às vezes, sabiamente rejeitadas.
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